19 junho 2010

Culpa

Memória é Inferno de gelo intermitente
que arrepia a nuca
feito um cadáver de alguém querido
que tendo morrido longe
é carregado às costas

e até chegar em casa ele flagela a gente
e não sai mais nunca.

(sobre uma música sertaneja)

5 comentários:

  1. Lembrei de um trecho de música que diz mais ou menos assim:

    "Tudo que morre
    Fica vivo na lembrança
    Como é difícil viver
    Carregando um cemitério na cabeça"

    A memória insistente, por vezes indesejada, mas aqui e acolá, cortejada também...

    Beijos, Flá!

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  2. essa música que ouvi, aliás, como muitas músicas sertanejas, me arrepiou...
    não sei se conhece: o cara sai com um amigo pra levar um gado, e o amigo morre e ele tem que levar no cavalo, amarrado nas costas...e o caminho é longo...o corpo vai gelando, gelando...e quando chega no destino, e ele deixa o amigo no povoado...não adianta: a vida toda sente aquele frio nas costas.... puts!


    bjbjbj

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  3. o arrependimento pelos meus mortos são assim: de vez em qdo me gelam as costas.

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  4. Ótimos dizeres.

    Abraço.

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  5. Flá,


    Pode se apoiar em modinhas, cirandas, "repentes de motel" [cada um improvisando um verso na beirada da cama, na falta do que fazerem mais juntinhos... rs rs rs], que a dicção sai talhada como poesia inquestionável.


    Aqui vc sai dos dilemas eróticos e pega na veia, como na imagem do filho morto de Chico Buarque, outro poeta passível de ser musicado:


    "Oh, pedaço de mim
    Oh, metade arrancada de mim
    Leva o vulto teu
    Que a saudade é o revés de um parto
    A saudade é arrumar o quarto
    Do filho que já morreu."



    Um beijo.

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