À noite minha cama
se enche de demônios,
e o choro de crianças não nascidas.
São césares, otelos, minotauros,
creontes, menelaus, jasões e midas.
Chegam de costas, como a saírem,
carregando as almas tortas
mancando atrás dos corpos.
São íncubos furiosos e antigos
de olhos másculos, músculos,
espartanos,
falos maiúsculos
e vem brandindo os rabos
e os remorsos
pra ter alento
nessa boca tântrica
e na doçura soberana
do meu dorso.
tenho o equilíbrio das forças
entre as cheetas
e os antílopes,
papoulas, carma dos lobos,
entre meus dedos de morgana
tenho o olhar dos destinados
às grandes revelações
e martírios
contrastando com a cara
de sacana
e a pele santeria
manuscrita em pena ígnea
que dissolve cianetos,
aleijões, incestos,
e faz das faltas deles
meros palimpsestos.
Quando amanheçe,
e peço aos céus,
que acabe logo com isso...
bem, eles se vão,
como a chegar,
quando repito,
como se fora em prece:
"ao menos uma vez
me mandem cristo".
(postagem de 11/08/09, agora com vídeo feito por Márcia Regina Medina)
22 janeiro 2011
Atenuante
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Putz...muito bom o poema!!! Imagens lancinantes...de deixar boquiaberto!!! beijos!!!
ResponderExcluirobrigada Flávio!
ResponderExcluirbjbjbj
Parabéns, Flá Perez, seu polêmico poema é muito pungente e impactante! Sucesso. Muita benção. Tania.
ResponderExcluirmuito bom, magnífico, saber poético erudito, lembra-me Baudelaire o grande poeta maldito... honra-me com tua leitura aos meus versos
ResponderExcluirSua poesia e sua declamação dispensam comentários. Melhor ouvir você para entender.
ResponderExcluirGrande abraço.
Parabéns pelos dizeres atolados de sensibilidade....
ResponderExcluirmuito bem feito,e tocante,meu abraço forte
ResponderExcluirGostei muito do estilo. Parabéns!!!
ResponderExcluirobrigada pessoal! bom ter vcs aqui!
ResponderExcluirbjbjbj
Muito bom , Nêga!!!!!
ResponderExcluirPluralidade imagética... pluralismo de impressões... vir.ação... vade retro todo ai que a beleza vem e farta... belíssimo, Flá!
ResponderExcluir* Respoética:
ResponderExcluir.
Salvadora, Sonhadora, Mulher
Descem dos céus os míticos senhores
Os da terra seus velhos comensais
Cada qual carregando os seus horrores
Percorrendo os caminhos abissais
Trazendo os apetites mais vorazes
A saciar seus espíritos pagãos
E suas carnes em fogaréu, tenazes
Sem mirar-vos com seus olhos malsãos
Estes são vossos lúbricos cultores
Pesadelos vos dão vosso mister
Ditador, trágicos, imperadores
Todos têm direito à vossa cama
Mas um santo é que sonha tal mulher
Só não diz de verdade a quem mais ama.
S. R. Tuppan
.*.