Vejo a ostra se abrindo e cismo:
sou efêmera massa mole
a ser cagada depois de comida,
ou a jóia rara nela contida?
Vejo a ostra se abrindo e cismo:
ainda nos pensaremos pérolas
quando começarmos a morrer,
moluscos eremitas,
em completo ostracismo?
Não quero ser comida,
não quero ser cagada,
depois de digerida.
De nada serve a jóia se não alimenta?
Pra que serve a cigarra?
Pra que serve a formiga?
Pra que serve a cigarra que recita lava- pés
e entoa canções saúvas?
Cigarras explodem
e morrem jovens,
formigas morrem velhas
e apenas correm.
O remédio pra tudo é uma panela de água fervente que já deviam ter me jogado.
25 abril 2008
Posteridade ou Privada?
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