30 junho 2007

Vira-latas

Percebi meu engano
e a verdade caiu em mim como uma pedra.

Quedei-me imóvel de assombro
e ferida:
Como não pude ver
que você não pode ser
o grande amor da minha vida?

Mas não tenho rancor.
Sempre fui enganada
- por mim mesma,
o que é pior -

Sozinha me apaixono,
abano o rabo
abandono convicções
e me dano.

Como um cão de rua
vou atrás de quem passeia
e me atropelo.

Cão de muitos donos
sem correia, sem nome.

Ninguém percebe que tenho fome.

4 comentários:

  1. Flavita,



    Esse é um circuito velho e conhecido: fabricar amor por amar a ideia de estar amando.

    [Ou sendo amado(a)].






    Um beijo.

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  2. É Flá... Sabemos que estamos no caminho errado e insistimos. Como um cão sem dono... Já fui um também e várias vêzes. Prazer!

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  3. A Flá, nos leva a todos, com as nossas bolhas, esfolados, cicatrizes, a passear e lamber as feridas dos nossos auto-enganos, catar as pulgas do nosso descontentamento.
    Diz da fome que nos acossa as entranhas e o céu da boca, que não cala as bocas do nosso corpo.
    A Flá sua com raça, na língua que insiste
    em uivar, a nossa fome antiga.

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