21 abril 2020

Exílio

Exílio
Quando o Senhor das Paixões e Ciclones
mandou-me de vez
aquele moreno excessivo
e unânime,
passado algum tempo em colapso,
o céu devolveu a desfeita
tentando enganar meu querer
com o veneno da escolha.
Há muito eu ouvira essa história sem jeito
– a do tal livre arbítrio –
desculpa que um deus de granito, indeciso
criara,
tão indecifrável e incrível
quanto Ele era velho e omisso.Ainda assim, em exagerado hedonismo,
o ex- Poderoso ostentou luz de velas
e vinhos,
me tratou feito puta,
praticou kama sutra,
num jantar bem à la Dionísio
e pra devolver-me o juízo,
ofereceu o que achava impossível:
vários Adonis e Orfeus,
uma vida tranquila
e estadia segura com vista pro mar
em seu Paraíso.
— Mas não hei de seguir nessas horas o certo
em detrimento do errado!
Fui morrer essa desmesura de amor.
Deixei-O brandindo a alma imortal e diáfana,
olhando a minha volúpia carnal afastar-se,
extasiado.

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