28 maio 2013

Modos

Na mesa e no meio das gentes,
ele é meu cavalheiro.

Puxa a cadeira pra eu sentar,
enche meu copo de vinho
(só até o meio),
abre a porta pra eu passar primeiro,
ajoelha, num rasgamento
beija-me de leve a mãos,
e pede-me em casamento
(finjo que penso, mas depois aceito).

Nem preciso pedir:
“Poupe-me e me comporte,
comporte-se conforme os preceitos
da princesa e seu consorte”,
pois na frente de todos,
me canoniza,

e abotoa até o último botão da camisa.

Mas depois,
sozinhos na cama
meu bem me sodomiza.


3 comentários:

  1. Um dos melhores poemas que tive a oportunidade ler nos últimos tempos. Além de rima e métrica impecáveis, a profundidade metafórica do argumento é soberano. Parabéns à poeta e grato por ter me dado esse momento delicioso de Literatura no mais alto grau.

    Fabio

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  2. Que lindo seu blog! Adorei! Qd puder, me faça uma visita. Barbara-Ella depois de tudo. Antes de enlouquecer. PAZ!

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