26 março 2013

Mme. Frankenstein

Fui feita a seu gosto,
do jeito que gosto:
dionisíaca e nua,
encoberta por tules e nuvens,
verdadeiro paradoxo.

Em abraços de polvo lhe envolvo
e peço:

— Me leva pra cama.

E gozo e choro e sorvo.

No entanto, não me contenho.
Escorrega em seu braços
a pele de mar revolto,
cheias de escamas, que tenho.

Mas sua flecha
me acerta em plena fuga
e a faca, mesmo às cegas
disseca a fundo.

Corta, desarticula
metrifica, vasculha e conserta.
Depois cerze
e passa a língua nas costuras.

Sela e cicatriza, meu bem
sua nova criatura.



2 comentários:

  1. Gostei muito do que li, cara poeta. Uma poesia forte, ousada, com muita personalidade. Parabéns.

    ResponderExcluir
  2. Gostei muito do que li aqui, cara poeta. Uma poesia forte, ousada, com muita personalidade. Parabéns.

    ResponderExcluir