29 maio 2010

Especiaria

À espera submarina

do peixe - dos - terremotos,
ela sonha seus versos toscos:

alegorias escondidas
em margaridas sulferinas
e antigos signos mortos.

Lá no fundo do barco,
nos porões do que foi,

estão seus olhos de ontem.

Esses velhos marinheiros
repetem o fog sob os cílios.

Incrustrados,
não reconhecem cenário,
pátria, ilha ou parada,

nem quando vêem os filhos.

Com lentidão de sereia,
a mulher que desveste o espelho
à boca soma acalantos.

E guarda que nela se afoguem
outros lábios vermelhos,
inchados
de tanto prazer e pranto.

(poema vencedor do primeiro lugar no
Prêmio Cidadão de Poesia 2009, está em meu livro
LEOA OU GAZELA, Todo Dia é Dia Dela)

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