27 setembro 2010

Ócio

Esse macho da minha espécie,
que vem da chuva
com cheiro suado
de mato cortado,

ao vento solto,
é insólito,
por ter as raízes no solo.

Mal chega,
me põe logo no colo,
dissolve os soluços,
quando choro.

Ele faz o jantar
e me come.

Diz que me ama,
mas,
na manhã seguinte,
traz café quente na cama

e some.


Poema do livro LEOA OU GAZELA, TODO DIA É DIA DELA (2009) declamado no sarau EITA!

2 comentários:

  1. Flavita,



    Telúrico, mas andarilho. Instinto nômade, de caçador. Mas sabe ser, também, maternal. Por algumas horas...







    Um beijo.

    ResponderExcluir
  2. e me fez um bem...
    por acaso é o Orfeu do outro poema,
    mas não conta pra ninguém, só pra torcida do flamengo...
    rsrsrsrs

    ResponderExcluir