09 julho 2007

Ao Suicída

Tem dias como esse
em que amanheço
lembro a tua ausência
e teu silêncio de presságio.

Não mais adormeço.

Teu silêncio
tem soníferos, hipnóticos
overdoses,
barbitúricos.

Teu silêncio psicótico
tem poemas rasgados,
tem um corpo caindo

do edifício na Barra.

Tem os pulsos cortados,
tem velas acesas,
os sapatos jogados
no meio da estrada,

esse teu silêncio.

Cheira a gás de aquecedor
de apartamento em Copacabana,
cheira a manicômio,
à manchete de jornal:

"Poeta romântico
Sem razão e sem amor
Atropelado e levado
Por disco- voador"

2 comentários:

  1. Flavita,




    De quando um corpo não sabe/ não pode conter as palavras que, de enormes que soam, nele não cabem mais.






    Beijo, moça.

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  2. Escrevi há tempos,que "O suicida é um ser cansado de ser contrariado".
    Aqui se fala sobre aquele que cala, por que já não adianta, porque não vale a pena,porque desiste, porque desespera, porque não ama, porque não é amado, porque está triste,aqui a Flá fala da que é considerada por Camus, "a única questão filosófica essencial, o suícídio", o ser humano 'decide'ficar vivo, ou não. Somos sobreviventes, aqueles que resolveram ficar,não silenciar, falar, por enquanto...

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